quinta-feira, 26 de março de 2009

Na falta do que fazer...

... e, de certa forma, continuando a série Pensamentos Indevidos - com participações especiais - deixo com vocês todo o talento, o senso de humor e a visão da vida por um dos meus poetas prediletos... com vocês, Paulo Leminski, e um poeminha extraído do livro "Distraídos Venceremos", de 1987.

o amor, esse sufoco,
agora há pouco era muito,
agora, apenas um sopro.

ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos.

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podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano

eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano


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MERDA E OURO
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam padres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Alma lavada com muita lama!

A primeira resenha musical demorou, eu sei. Mas ela veio e não poderia ser em melhor ocasião. Ocasião aproveitada de última hora. Fui ao Autódromo de Interlagos às 18 horas e disposto a gastar apenas R$ 50 - óbvio que também corria o enorme risco de perder este dinheiro com um ingresso falsificado; ou correndo sério risco de morte ao furar a fila da entrada do Autódromo de Interlagos, menos de uma horas antes do show. Aventura bem-sucedida e adversidades à parte sou um felizardo que pode falar COM PROPRIEDADE do que foi testemunhado neste show. 15 de março de 2009.

Este último domingo, 15 de março de 2009, fica gravado como mais uma data importante na lembrança dos headbangers paulistanos. Primeiramente ficam na memória os momentos de extrema dificuldade no acesso ao Autódromo de Interlagos - extremo sul da capital paulista - e a total falta de conforto das instalações do mesmo, sem falar na total desorganização notada durante todo o evento.

Porém, o motivo para tamanho sacrifício não era motivo qualquer. Tudo bem, é a oitava vez que o Iron Maiden aporta em solo brasileiro mas a cada turnê a emoção é diferente e os laços de amor e carinho entre público e artistas tornam-se mais estreitos. E somente uma relação entre o Iron Maiden e o público paulistano justificaria as horas e horas de uma desorganizada fila, uma tempestade que caiu a cinco horas do início do show (e que, de certa forma, provocou o atraso de uma hora no início de show) e tornou o Autódromo um verdadeiro pântano, um lamaçal descomunal.

O show começou as 21:05hs, com o apagar das luzes e o inflamado discurso do estadista inglês Winston Churchill, precedendo a chegada da Donzela de Ferro ao som de "Aces High". O que seguiu-se a partir daí foi uma verdadeira sucessão de clássicos, cantados em uníssono por todo o público presente e executados com extrema técnica e energia pelo sexteto inglês.

"Wrathchild" e "2 Minutes to Midnight" vieram na sequência, antecedendo o primeiro diálogo de Bruce com a platéia. O vocalista reiterou as desculpas pelo atraso de 1h, reclamou da "fucking rain!" que caiu em São Paulo durante a tarde e agradeceu muito pela presença de um público que entrava para a história como o maior já registrado num show exclusivo da banda (festivais como Rock in Rio não entram nesta conta). Para fechar a conversa, Bruce ofereceu "Children of the Damned" – "uma música que não costumamos tocar em shows", explicou ele – como um presente para os fãs.

Num set list beirando à perfeição, o Maiden seguiu o show com notado destaque para "The Trooper", "Wasted Years", "Phantom of the Opera", "The Rime of the Ancient Mariner", "Run to the Hills"... e então faltou pouco para Interlagos ir abaixo assim que os primeiros acordes de "Fear of the Dark" foram assimilados pela platéia, totalmente ensandecida e entregue àquele momento especial. Pessoalmente falando, eu já estava extasiado ao ter ouvido "Children of the Damned"; com "Fear of the Dark" as lágrimas rolaram. Era muita emoção, muita alegria e uma necessidade agoniada de colocar toda a minha angústia, a minha raiva e os meus sentimentos para fora. Um momento que certamente guardarei para contar aos filhos que não terei e à mulher que nunca será minha... um momento só meu!

"Hallowed be Thy Name" e "Iron Maiden" ainda viriam, para encerrar o show com muito êxtase, exaltação e alegria. No bis não poderia faltar "The Number of the Beast" e "The Evil that Men Do" (outra música que me emocionou demais). O bis e a noite de heavy metal da melhor qualidade seria finalizado por "Sanctuary" e a mais do que performática e inteativa atuação de Bruce Dickinson com o público. O vocalista ainda prometeu um novo álbum de estúdio do Iron Maiden para 2010 e nova passagem pelo Brasil em 2011.

Em duas horas de um show impecável e festivo, foi possível esquecer os muitos contratempos enfrentados pelo público em mais uma passagem da banda por São Paulo. E é bem provável que o Iron Maiden tenha plena consciência das dificuldades e da falta de respeito que os fãs encararam para mais este encontro. E aposto que é por isso que eles gostam cada vez mais de nós, fanáticos e incansáveis brasileiros.

IRON MAIDEN – Autódromo de Interlagos (São Paulo) – 15/03/2009
Aces High

Wrathchild
2 Minutes to Midnight
Children of the Damned
Phantom of the Opera
The Trooper
Wasted Years
The Rime of the Ancient Mariner
Powerslave
Run to the Hills
Fear of the Dark
Hallowed be Thy Name
Iron Maiden
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The Number of the Beast
The Evil That Men Do
Sanctuary

terça-feira, 10 de março de 2009

Da série Pensamentos Indevidos - eles realmente pesam!

Eu acredito!

A dependência corrói
A saudade destrói
Toda a vontade de te ver
Te sentir
Te ter por perto
Acaba ao esbarrar
Num único questionamento

Perguntar dói?

Se a resposta doer
Respeito
Respiro
Reflito
E tudo se ilumina -
ou parece iluminar -
A partir de um único pensamento

Eu acredito!

Através de dias negros
Noites negras
Pensamentos negros
O meu humor oscila
O meu coração vacila
Depois do beijo na lona
Devaneio com o sorriso da noiva

Eu luto!

Quebro e reconstruo o meu coração
Dia após dia
Mensagem
Telefone
E-mail
MSN
Sintonia

Até quando?

O meu medo é forte
Mas o meu sentimento é muito mais
Toda a vontade de te ver
Te sentir
Te ter por perto
Anseia por uma única resposta

"Eu quero!"

Ficha técnica do Clássico!

Ficha técnica: Palmeiras 1 x 1 Corinthians
Local: Estádio Prudentão - 08/03/ 09 - 16:00hs.
Árbitro: Cléber Wellington Abade
Auxiliares: Carlos Augusto Nogueira Junior e Nilson de Souza Monção
Público e renda: R$ 1.348.390,00/44.479 paganteS


Gols: Diego Souza, aos três minutos do segundo tempo; Ronaldo, aos 47 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Marcão, Keirrison, Maurício Ramos, Fabinho Capixaba, Pierre (Palmeiras); Cristian, Escudero, Ronaldo, Dentinho e Felipe (Corinthians).

Cartão vermelho: Fabinho Capixaba

PALMEIRAS: Bruno; Maurício Ramos, Danilo e Marcão; Fabinho Capixaba, Pierre, Sandro Silva (Jumar), Cleiton Xavier, Diego Souza (Willians) e Armero; Keirrison (Marquinhos). Técnico: Vanderlei Luxemburgo

CORINTHIANS: Felipe; Chicão, William e Escudero (Ronaldo); Fabinho (Alessandro), Cristian, Elias, Douglas e André Santos; Jorge Henrique e Souza (Dentinho). Técnico: Mano Menezes

Ele voltou!

Mais uma vez, ele voltou. Contrariando os incrédulos, pessimistas e maledicentes, ele voltou. Feito uma fênix, feito o Jason que a cada Sexta-Feira 13 retorna ainda mais sanguinário. Existem jogadores medíocres, jogadores comuns, alguns um pouco acima da média, poucos muito acima da média e um seletíssimo grupo de atletas consegue superar todas estas definições - e exatamente por isso marcam época e tornam-se referência no que fazem. Sem dúvidas, este é o caso de Ronaldo.

O que o "Fofômeno" fez em Presidente Prudente foi uma continuação natural de uma sequência de dramas e redenções em sua carreira. Tocou pouco na bola mas em todos os lances de que participou, levou os zagueiros do Palmeiras ao desespero. E olha que, depois de um primeiro tempo pífio das duas equipes, o Palmeiras foi bem. Esteve melhor posicionado em campo, levou muito perigo nos contra-ataques, jogou bem!... Mesmo com as deficiências e os sumidos em campo de sempre, o Verdão mostrou-se superior na maior parte do clássico.

Mas parecia estar já definido que as coisas mudariam - e muito - com a entrada de Ronaldo em campo. E assim foi. Dribles, bola na trave, cruzamento na cabeça do companheiro - devidamente defendida por Bruno... o Palmeiras não era o mesmo, o Corinthians não era o mesmo, o jogo já era outro.

O gol de Ronaldo produziu catarse, euforia, gerou uma série de bobagens ditas por cronistas esportivos. Fez o "professor" perder a linha, fez o palmeirense sentir-se derrotado em final de Copa do Mundo. Um clima indescritível tomou conta do final de domingo de muita gente.

Mas grandes acontecimentos são assim mesmo. Difíceis de descrever, impossíveis de decifrar, explicar ou apenas querer definir... o que são, como e porque acontecem.

E muito da magia do futebol reside exatamente na máxima da falta de máxima!

Seja novamente bem-vindo, Ronaldo!

quarta-feira, 4 de março de 2009

"Chega de historinha, o Luxemburgo só ganha paulistinha"

O título do post foi cantado em uníssono pela torcida do Palmeiras após a derrota por 3 a 1 diante do Colo Colo, do Chile, pela Copa Libertadores da América. Era um misto de raiva com cinismo contidos durante os 90 minutos do jogo e que explodiram gargantas afora, após o apito final do árbitro - o péssimo Sergio Pezzotta (Argentina), que foi conivente com toda a cera feita pelo time chileno durante todo o jogo.

Porém pior que o árbitro foi o Palmeiras. Já era sabido que o time teria deficiências ofensivas pelo setor esquerdo, já que Armero estava suspenso e em seu lugar entraria Marcão, com muito mais características defensivas. O esforçado lateral palmeirense arriscou algumas subidas ao ataque durante os 45 minutos que esteve em campo mas fracassou em todas. Como se não bastasse, o panorama pela ala direita da equipe também não era dos melhores; Fabinho Capixaba foi muito mais ao ataque do que de costume mas não acertou um único cruzamento durante todo o jogo.

Além da total inoperância ofensiva dos laterais, os imcumbidos de criar o jogo mais à frente não estiveram nada bem. Cleiton Xavier e Diego Souza foram anulados em campo, enquanto Keirrison passou a maior parte do temo sumido diante da forte marcação chilena. Willians foi um dos poucos destaques neste aspecto, tentou jogadas, apanhou pra caramba mas não fez nada de surpreendente. Com este panorama o Colo Colo passou a explorar longos lançamentos e contra-ataques velozes. Tal iniciativa deu resultado no finzinho do primeiro tempo, com o gol de Barrios (contra dois marcadores palmeirenses).

Com isso, o "professor" foi obrigado a abandonar o esquema com três zagueiros, sacando Maurício Ramos para a entrada de Jumar; Marcão cederia seu lugar a Jefferson - que também foi mal, não proporcionando grandes jogadas pela esquerda, sendo um mero passador.

O segundo tempo começou e o Colo Colo parecia ainda mais perigoso, à medida que o Palmeiras parecia ter voltado do intervalo mais desorientado e errando ainda mais passes e sendo menos inspirado na criação de jogadas. Errando ainda mais do que na primeira etapa - e com um jogador adversário a menos em campo, Meléndez - o Palmeiras foi novamente castigado, logo aos nove minutos, com o segundo gol chileno marcado por Torres. Os primeiros alaridos de protesto foram inevitáveis e, mais do que a irritação pelo mau futebol e o placar ainda pior, era perceberl nas expressões dos torcedores a incredulidade do que estavam assistindo.

O time de Luxemburgo seguiu preso à marcação do Colo Colo e sendo muito previsível no ataque, limitando-se a viradas de jogo e cruzamentos constantes à área chilena, sem sucesso. Mas de tanto martelar em jogada tão manjada, aos 25 minutos, Keirrison marcou de cabeça e deu ao torcedor um tom de esperança. O time se motivou e passou a ser mais incisivo, inclusive com a entrada de Lenny em campo, no lugar de Fabinho Capixaba. Os problemas continuavam a ser os contra-ataques, que ocasionaram os dois gols adversários. Mas bastou mais uma bola esticada em direção à zaga alviverde - e às costas de Edmilson, muito mal no jogo e vaiado a cada vez que tocava na bola - para que Gonzalez fizesse o terceiro e arrefecesse de vez os ânimos dos mais de 23.000 palmeirenses presentes.

Mais uma vez o "fantasma" do Palestra Itália ressurgiu. E como de praxe nos grandes vexames do Palmeiras em sua casa, a derrota veio de maneira inadmissível; nosso time não teve alma, não teve sangue correndo em suas veias, não foi raçudo. E com isso, muito antes da hora, somos obrigados a fazer contas. Sabemos que o grupo 1 já teria suas dificuldades mas é duro de acreditar em uma campanha tão pífia para um elenco que tem virtudes, sim. O problema maior é que, além de alguns limitados em campo, nosso "professor" mantém a pose e a ironia direcionados às torcidas uniformizadas do Palmeiras.

E minhas dores de estômago só aumentam...


FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 1 x 3 COLO COLO

Local: Estádio do Parque Antártica, em São Paulo (SP)
Data: 03 de março, terça-feira
Horário: 20 horas (de Brasília)
Renda: R$ 885.405,00
Público: 23.285 pagantes.
Árbitro: Sergio Pezzotta (Argentina)
Assistentes: Hernán Maidana e Ariel Bustos (ambos argentinos)
Cartões amarelos: Maurício Ramos (Palmeiras); Riffo e Mena (Colo Colo)
Cartões vermelhos: Meléndez (Colo Colo)
Gols:
PALMEIRAS: Keirrison, aos 25 minutos do segundo tempo.
COLO COLO: Barrios, aos 44 minutos do primeiro tempo; Torres, aos nove, González, aos 34 minutos do segundo tempo.

PALMEIRAS: Bruno; Maurício Ramos (Jumar), Edmilson e Danilo; Fabinho Capixaba (Lenny), Pierre, Cleiton Xavier, Diego Souza e Marcão (Jefferson); Willians e Keirrison
Técnico: Wanderley Luxemburgo

COLO COLO: Muñoz; Salcedo, Mena e Riffo; Figueroa, Meléndez, Sanhueza, Torres (Riquelme) e Millar; Lucas Barrios (González) e Carranza (Caroca)
Técnico: Marcelo Barticciotto.